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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Titluação reafirma mérito, segundo Professor Romualdo

O Popular/ Editorias/ Opinião/
Romualdo Pessoa Campos Filho
TITULAÇÃO REAFIRMA MÉRITO
Romualdo Pessoa Campos Filho
16 de fevereiro de 2012 (quinta-feira)


As mudanças apresentadas pelo secretário de Educação Thiago Peixoto, responsáveis pela atual revolta dos professores do Estado, são marcadas por contradições entre o discurso e a prática. Qualquer profissional que trabalha com educação sabe, perfeitamente, que o mérito jamais pode ser condicionado a exigência de uma frequência monástica na escola. O princípio da meritocracia não pode ser adequado à educação, da mesma forma como funciona em qualquer repartição pública que se baseia no princípio de que a burocracia precisa ser modernizada, e os que possuem melhores aptidões e são mais disciplinados, tenham melhores possibilidades de ascensão.

Tentar implementar essas mudanças em escolas, tal como funciona numa estrutura de Estado, é um grave equívoco e meio caminho para a construção de uma educação focada na escolha de seletos grupos de professores e alunos, cordatos e fiéis seguidores de regras, eliminando jovens com espíritos investigativos, críticos e criativos. A educação deve ir além do estabelecimento de metas. Deve sim construir novas alternativas, mas não simplesmente formar meros reprodutores de ideologias, cujo sentido seja a criação de “vencedores” numa sociedade profundamente desigual. Embora seja obrigatória a frequência do professor, suas ausências, se não forem justificáveis, devem implicar em punições, o que é normal, mas não pode ser critério para avaliar sua qualidade de ensino e nem sua dedicação.

O mérito na escola deve estar diretamente vinculado à necessidade de qualificação devida de professores. O que os tornam merecedores de ascensão e melhorias em suas carreiras, é justamente a procura pela qualificação como graus de mestres e doutores, um caminho que deve ser contínuo, independente de cargos administrativos os quais o mesmo possa conquistar.

Não há outro caminho, em uma sociedade contemporânea, por onde esse incentivo caminhe que não seja pela adoção de planos de carreiras que, pelo mérito, eleve a escala de salários com base na titularidade e tempo de serviço, de tal maneira que o incentivo seja suficiente para torná-lo um doutor, promovendo a satisfação com um salário justo e adequado ao esforço desempenhado na busca desse mérito. O Estado deve investir nesses profissionais mediante a adoção de ações que apostem na competência como critério de qualidade.

Ao adotar uma medida de redução do percentual de titularidade, o secretário da Educação vai contra o ato de incentivo profissional, e joga um balde de água fria nas carreiras dos professores. Não se garante qualidade exigindo apenas frequência absoluta. No máximo, os transforma em profissionais disciplinados, que podem até ter seus diferencias, mais certamente sem qualidades desejáveis a um bom educador.

Ao governador Marconi Perillo, que em seu governo anterior possibilitou a consolidação do plano de carreira, recém-modificado, cabe intervir e encontrar uma solução para o impasse criado, garantindo a retomada dos percentuais anteriores, que eram concedidos ao especialista, mestre e doutor.

Ao Sintego, e demais líderes do movimento, é importante entender que não se chega a um consenso estabelecendo queda de braço. E caso haja uma abertura por parte do governo, suspender a greve, evitando maiores desgastes e prejuízos aos estudantes, profundamente prejudicados.

Enfim, se é necessário mudanças profundas na educação, ela não acontecerá em via única. O propalado pacto pela educação só acontecerá se houver diálogo e entendimento. Afinal, pacto se faz com concordância mútua, sem imposições. A democracia pressupõe isso. A política é conduzida dessa forma, mas na educação, determinados valores são inegociáveis, e nela, a titulação reafirma o mérito.



Romualdo Pessoa Campos Filho é professor no Instituto de Estudos Socioambientais da UFG

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