MINHA METODOLOGIA
DE ENSINO
Entendendo a História como ciência que encaminha a
escolha entre diversas possibilidades, sua metodologia de ensino
servirá de guia para que o aluno se prepare para esta escolha.
Deverá ela auxiliar o educando a selecionar entre todas aquelas
possibilidades de que podemos lançar mão, de uma maneira mais
científica e racional, para que se alcancem os fins maiores,
primordiais, ou seja, os objetivos, as metas.
O método deve facilitar o difícil caminho do
aprendizado, tornando-o suave, ameno. O aluno deve sentir-se
predisposto a aprender, motivado a conhecer o tempo histórico,
desprendendo-o do tempo cronológico. Valores éticos, como
solidariedade, respeito às diferenças e generosidade facilitam a
construção do coletivo, a equipe. Para construir o trabalho em
equipe é necessário ter em mente que se aprende fazendo,
experimentando, participando e o conteúdo pode representar a
motivação, ao despertar o interesse dos participantes. Método é
prática.
Minha proposta tem como objetivo “colocar a História
no campo da política”. Nessa perspectiva, ela vai ao encontro dos
princípios e dos objetivos do Ensino Médio, expressos na LDB e
relacionado à preparação para a cidadania e ao desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico. A problematização
do presente é articulada aos subsídios obtidos com o estudo dos
processos históricos, para compreensão dos conceitos. Isso
possibilita a incorporação e a ressignificação dos saberes
prévios dos alunos.
Elegi os conceitos como
eixos das unidades e os apresento como uma construção
cuja história se pretende examinar. Pensei os eixos conceituais como
moduladores da perspectiva cronológica, os quais cumprem também a
função de instrumentos na estratégia de relacionar temas do
passado com o cotidiano vivido. Os processos econômicos, sociais e
políticos são desnaturalizados, o que possibilita sua interpretação
em perspectiva renovada e crítica. A contextualização e a
interdisciplinaridade constituem eixos dessa abordagem metodológica
e serão desenvolvidas, principalmente, por meio de atividades
ampliadas por sugestões de leituras adicionais, sites e filmes. Os
conteúdos de História do Brasil estão interligados aos de História
Geral e estão articulados aos de outras disciplinas escolares com
propostas de pesquisas que envolvem conhecimentos de Literatura,
Química, Biologia, Geografia etc. Uso uma linguagem adequada ao
nosso alunado, mas incorporo, gradativamente, termos mais difíceis
com a devida explicação.
Proponho atividades criativas
para auxiliar na realização dos objetivos propostos, estimulo a
capacidade de produzir textos que, frequentemente, contribuem para a
interação entre os alunos, possibilitando também o desenvolvimento
de habilidades, como comparação, interpretação, formulação de
hipóteses, análise e síntese.
A principal preocupação do curso diz respeito à
metodologia da História. Discuto
a construção do saber histórico. Busco estabelecer a diferença
entre processo histórico – resultado das relações entre grupos e
sujeitos históricos – e a História – busca de inteligibilidade
para esse processo. Contrasto diferentes interpretações,
evidenciando o caráter sempre parcial e provisório do conhecimento
histórico, inevitavelmente atravessado pela subjetividade do
historiador. Faço uso de fontes escritas
de natureza variada (textos legais, cartas, relatos de viajantes,
material de imprensa, trechos de romances, poesias, letras de música,
grafites), demonstrando ao aluno que o processo histórico pode ser
flagrado a partir de registros os mais diversos possíveis, que nunca
são neutros. Valho me também de variedade
de fotografias, charges, histórias em quadrinhos, pinturas,
gravuras. Concedo grande destaque ao cinema, sugerindo excelentes
filmes, tanto nacionais quanto estrangeiros, observando a necessidade
de submetê-los à crítica histórica, uma vez que são configurados
como um discurso sobre a realidade, passada ou presente, que se
pretende compreender.
O que domina meu método é a perspectiva processual.
Adoto uma organização cronológica, mas não valorizo datas e
nomes, ao contrário, procuro desconstruir mitos e heróis, valorizo
sujeitos coletivos e os embates entre seus interesses e projetos e
adoto o conceito de classe social de matriz marxista.
Valorizo abordagens, temas e objetos como a história
do cotidiano, do consumo, das mulheres, das crianças, concedendo
ênfase especial aos setores desprivilegiados, cuja resistência à
dominação será apresentada nas suas múltiplas possibilidades
expressivas. Revoltas propriamente ditas, como Canudos, Contestado, a
Revolta da Chibata, a Revolta da Vacina, associadas às formas de
resistência nem sempre reconhecidas como tal, como é o caso de
manifestações culturais como festas, músicas etc. Incluo aspectos
simbólicos, relacionados à construção de identidades e projetos
de diferentes grupos, evitando que os processos sejam trabalhados por
um viés exclusivamente econômico ou político-institucional. O
aluno perceberá que as relações sociais se encontram atravessadas
por relações de poder, que extrapolam em muito o campo da política
stricto sensu.
Observará as relações de poder tanto no universo público como no
privado e verá as múltiplas estratégias de controle e coerção.
Destacarei o trabalho com o conceito de cultura.
Concedo espaço maior para a História de regiões e
povos que, em geral, recebem pouca atenção nos livros didáticos,
como hindus, persas, fenícios, chineses, hebreus e, atendendo ao
disposto na legislação, à História da África, reforçando os
novos olhares lançados à História da escravidão e das relações
raciais nas Américas, no passado e presente. Tenho grande
preocupação em fornecer informações e problematizar episódios
recentes, perseguindo objetivo de revelar as conexões entre passado
e presente e apontar permanências e rupturas. Procuro, igualmente,
apresentar ao aluno processos em curso em outros espaços
geográficos, distintos daquele que está sendo tratado no momento,
chamando a atenção para a integração e o descompasso entre
processos históricos nos planos nacional e global.
Optei por tomar a História como instrumento de
politização, fazendo da construção da cidadania
uma questão central. Enfatizo a capacitação do aluno para pensar
criticamente a realidade, posicionar-se e, consequentemente, atuar e
assumir seus direitos e responsabilidades. Na História do Brasil,
defendo o princípio multicultural traduzido na atenção concedida à
História dos afros descendentes e à dos povos indígenas, o que
contribui para apresentá-los como sujeitos históricos autônomos e
para legitimar suas demandas por identidade própria. A intolerância
e o fundamentalismo de cunho religioso são criticados sempre.
Outra importante estratégia metodológica serão as
visitas a museus. Fundamental para que o aluno se familiarize cada
vez mais com ambientes próprios ao trabalho do historiador e para
que ele conscientize-se da necessidade de se preservar o patrimônio
cultural e histórico de uma sociedade.
Músicas em sala de aula serão momentos propícios ao
incremento do repertório artístico-cultural do alunado.
Segue uma lista sucinta das estratégias metodológicas
e dos recursos materiais que serão utilizados em todo o Ensino Médio
nas aulas de História:
- Aulas expositivas dialogadas
- Leitura e interpretação de textos diversos
- Observação e análise de fotografias, mapas, documentos escritos (escrituras, atas, cartas, relatórios, certidões etc.).
- Debates
- Seminários temáticos
- Aulas de campo em museus